25.2.07

UMA MISSÃO DE MORTE

Eglitz

Quando me dei em si, estava nos confins de um lugarejo atrás de uma casa grande, na qual, somente lampiões a querosene alumiavam a noite.

Eu me escondia atrás de um lençol que estava estendido em um varal. No céu a lua não brilhava, e a luz das estrelas era tênue demais, para me deixarem ver de que cor que era.

Os meus olhos passeavam para lá e para cá em suas órbitas, e meus ouvidos estavam atentos para qualquer som vindo do ambiente...

Escutei latidos, relinchos e um galo cantando ao longe...

Expiei para dentro da casa, por uma porta que estava semi-aberta, e pude ver a enorme chama que saía de um fogão a lenha. Em cima da chapa estavam panelas, chaleira e um bule com café. - Ali era a cozinha - pensei...

A réstia do lampião que saía por entre a porta, refletia-se no bico do meu sapato. Quando observei o pequeno detalhe, puxei o pé rapidamente temendo ser descoberto...

Eu ainda não sabia por que estava ali. Mas lentamente os motivos iriam se revelando a mim.

Observei um intenso alvoroço na frente daquela casa. Quando cheguei mais perto para ver o que acontecia, notei que era mais parecido com um antro de prostituição.

Quando eu olhava para determinada pessoa ou objeto, os detalhes saltavam em minha mente imediatamente.

A dona do lugar era uma cafetina negra, que aparentava mais ou menos uns 50 anos. Caminhava lentamente, talvez demonstrando dificuldades por seus 110 kg de peso. Movimentava-se pela casa, e por entre as mesas do seu bar, distribuindo um sorriso forçado a todos.

Muita gente havia morrido ali naquele local. Ela carregava no rosto as marcas de cansaço daquela vida tirana. Mas as meninas moças, e as mulheres jogadas na rua da amargura precisavam dela. Era um misto de compaixão, necessidade e medo que a forçavam continuar com aquela vida.

Em um determinado momento, escutei um tiro,... E depois outro.

Alguns que estavam no bar saíram correndo em direção ao local de onde vieram os tiros. Outros quase que esbarravam em mim quando passavam em disparada, rumo a outras direções, desaparecendo na escuridão.

Eu não perguntava e nem falava nada com ninguém. A minha língua parecia que estava grudada, pelo não movimento, dentro da minha boca sem saliva. Simplesmente eu ficava observando. Percebi o motivo dos tiros e do alvoroço.

Alguém havia morrido porque estava chegando ao local, o poderoso... O terrível... O matador... Um tal chamado Coronel.

Eu tentava definir um perfil para o Coronel. Ele não era muito alto. Mais ou menos 1.70m. Calculei 80 kg. Sua idade dava para dizer que aparentava uns 50 anos. Barba por fazer. Olhos pretos. Em sua frente dava para ver chegando a sua presunção e intolerância. Matava pelo prazer de matar. Qualquer estranho, qualquer olhar de atravessado, qualquer palavra mal dita, era motivo para morrer.

Tudo isso era revelado sucintamente a mim naquele momento. O motivo de minha vinda até aquele lugar estava claro agora.
Eu estava ali para por um fim na carreira de assassinatos e impunidades do terrível Coronel.

Mas o perigo que eu corria naquele lugar, também foi me revelado. Então eu precisava agir rápido, e cumprir a minha missão...

Levantei-me, e com passos rápidos e firmes, encaminhei-me em direção a onde o Coronel estava sentado...

Os meus olhos estavam fixos nele...

Quando ele percebeu a minha presença, arregalou os olhos, pois escutou o estalo do gatilho do meu revolver que estava a dez centímetros da sua testa...

Ele não teve tempo de esboçar uma reação, pois puxei duas vezes o gatilho, e, os seus miolos caíram ao chão, bem antes que seu corpo...

A arma fumegava em minha mão... Depois um silêncio sepulcral...

A missão estava cumprida...

Acordei... Uffa! Ainda bem que foi só um sonho!
Fim...

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