25.2.07

PAZ – SÓ QUANDO HOUVER AMOR

Eglitz

Justino vaga pela cidade tentando encontrar um pouco de paz para a sua alma angustiada. A sua mente ferve com as lembranças de vinte anos atrás. Na época ele tinha somente nove anos de idade. Desde então é perseguido por pensamentos de ódio, rancor, e sobrevive unicamente por uma idéia fixa de vingança contra o homem que abusou e violentou a sua mãe e sua irmã.

Uma menina cruza por ele na calçada e lhe entrega um pequeno folheto que diz: “Se você está desesperado, sem direção, e sem paz pela vida, nós temos um conselho que poderá te ajudar”! Não enxergamos o que o mundo enxerga, mas vemos o que ele não vê!
Os videntes cegos.


A mente de Justino se desvia um pouco daquele turbilhão que o envolvia, e se liga na curiosidade de conhecer um pouco o que o futuro lhe reserva. Com poucos passos pela calçada ele chega ao endereço que o papel indicava.

O portão estava aberto e ele entra. Um perfume suave de sândalo exala pela porta, do incenso que queima no interior da sala. Logo ele enxerga uma senhora aparentando uns cinqüenta anos, sentada em uma cadeira, que gentilmente o convida para se sentar em um sofá em sua frente. O rosto da mulher lhe transmite algo que ele não experimenta já há muito tempo: Paz. Os olhos dela não têm luz nenhuma, somente uma pele branca os recobre por completo. Ele senta na poltrona, e a leveza de espírito daquela mulher em sua frente, lhe traz um desejo imenso de chorar. Não por pena dela, mas, porque consegue ver um pouco da escuridão em que sua própria alma está mergulhada.
- Você anda distante da luz meu filho – Lhe diz a mulher vidente. – A sua alma sofre na escuridão porque não consegues afastar os pensamentos de vingança da sua mente.
Justino interrompe a vidente e pergunta:
- Eu preciso saber se vou conseguir alcançar o meu objetivo? Conseguirei encontrar quem estou procurando?
A mulher lhe responde:
- Sim meu filho, você encontrará quem está procurando. E junto com esse encontro virá também uma grande surpresa.

Justino levanta-se de um salto da poltrona e quase grita de felicidade, por saber que conseguirá encontrar aquele homem. Ele fica feliz por saber que vai vingar-se. Só isso importa agora. A sua luta e procura não terá sido em vão.
A mulher interrompe seus pensamentos de felicidade quando diz:
- A sua paz de espírito é a coisa mais importante meu filho. Você a encontrará quando houver amor...
Ele deixa uma nota de dinheiro em cima da mesinha, agradece pelo conselho, e sai pelo mesmo lugar que entrou.

Flaches de lembranças lampejam em sua mente a todo instante.

Retrocedendo no tempo vinte anos, vamos encontrar Justino com nove anos. Ele vive com seus pais e sua irmã em uma localidade do interior. Uma comunidade mesclada de descendentes de alemães, portugueses e brasileiros. Quase todo mundo ali se conhece. Ultimamente a comunidade vem perdendo a paz, por conta de arruaceiros que se instalam por ali trazidos por força do próprio desenvolvimento da pequena cidade. Empresas terceirizadas vêm para o pequeno município, para promoverem infra-estrutura para: luz, água, esgoto e calçamentos.

Juntamente com essa leva de pessoal veio para ali, um dos tipos mais perversos daquele tempo. Adriano. Um marginal desordeiro que veio acuado das grandes cidades se esconder ali na pequena comunidade.

Adriano aterroriza os moradores da localidade prevalecendo dos seus um metro e noventa de altura, e sempre usando um revolver e uma faca prateada atravessada na cintura. Ninguém se arrisca a enfrentá-lo. Nem mesmo os poucos policiais que ali residem. Ele age livremente e impune, jogando gracejos e até mesmo bolinando com mulheres casadas, que obrigam-se a aceitar a situação para não ver os seus maridos serem perseguidos por aquele marginal.

Justino mora no interior do município, juntamente com seu pai, sua mãe e sua irmã que vai fazer 14 anos. O seu pai trabalha para os agricultores do local, que requisitam os seus serviços para ajudá-los a arar a terra e para plantar as sementes. Não é uma boa vida, mas nunca faltou comida para sua família. Às vezes Justino vai levar a comida que sua mãe prepara para seu pai, e fica imaginando com as mãos nos braços do arado, se um dia também levará aquela mesma vida de seu pai?... E no seu pensamento ainda infantil, fica feliz por saber que um dia poderá ser como aquele homem ao qual muito admira.

Um dia quando Justino e sua mãe vêem até a vila para pegar farinha, encontram-se com Adriano que faz gracinha para a mãe de Justino que não gostou do que ouviu. Adriano passa a mão pelos cabelos de dona Sofia e percebe que o menino lhe olha torto. Quando Justino mete-se entre os dois para proteger sua mãe, recebe um tapa em sua nuca, daquele brutamonte.

Justino espuma de raiva, mas não pode fazer nada, a não ser seguir com a sua mãe que o arrasta pelo braço para evitar que o filho apanhe mais. Adriano em tom ameaçador esbraveja:
- Oh piá de mérda, qualquer dia eu vou lá na tua casa visita a tua mãe, e se tu se metê a bobo vou te surrá de cinta ouviu?...
Justino comenta com sua mãe:
- Você escutou o que ele falou mãe? Ele disse que vai lá em casa. Eu vou contar isso para o papai!
- Não filho. Não vá dizer nada do que aconteceu ao seu pai. Isso poderia incomodá-lo e não seria nada bom.
- Mas você ouviu o que ele disse... Ele vai lá em casa, e vai fazer mal para você e a mana. – Repete Justino. Mas dona Sofia tenta acalmar o filho.
- Não filho. Ele disse isso só para te deixar nervoso. Ele percebeu que você ficou bravo. Faça o que sua mãe disse. Não vamos dizer nada ao papai para não aborrecê-lo ta? Promete?...
- Ta bom. Mas eu não gosto nada dele. Eu queria matar ele.

***

Alguns dias passam.

Justino está acabando de recolher os últimos pedaços de lenhas para o fogão naquela tarde de verão. Enquanto a sua irmã termina de limpar a casa. A sua mãe já cuida dos preparativos para a janta. É costume todos esperarem de banho tomado o seu pai que chega cansado todos os dias, para depois reunirem-se na mesa.

Mas a rotina nessa tarde foi quebrada pela presença indesejada de Adriano. Quando Justino vê o marginal ali, sente que algo muito ruim pode acontecer.
Adriano desce do cavalo o amarrando no tronco da árvore em frente a casa, e se encaminha em direção a entrada arrastando as esporas no chão. Justino deixa cair às lascas de lenha no chão, enquanto tenta bloquear o caminho para aquele homem não entrar em sua casa.
- O que você quer aqui? O meu pai ainda não chegou do trabalho.
- E eu quero alguma coisa com teu pai, guri?... Eu quero é com a tua mãe. Cadê ela?

Justino vê que não conseguirá deter aquele monstro, e pensa em correr para pedir ajuda, mas é detido imediatamente por Adriano que o segura pelo braço o obrigando a entrar. Sofia se assusta pela veemência do empurrão que o filho leva enquanto Adriano berra:
- E fica aí, bem na minha frente piazinho de bosta! Se você se mexê eu vou-te capá com essa faca ouviu? – Adriano tira a faca da cintura e a põe na mesa em sua frente. Ele ordenou que a menina também sentasse junto a seu irmão no canto, e que nem um dos dois saisse dali. Os dois estão apavorados. Adriano chama Sofia para junto dele. Ela também está apavorada e obedece, pois teme pelos seus filhos e por ela mesma.

A irmã de Justino baixa a cabeça negando-se a enxergar o que está prestes a acontecer.

A mente de Justino fervilha de tanto ódio, mas não consegue fazer nada contra o animal. Adriano está agora com o revolver na mão. Justino teme pela vida da sua mãe, e tenta rezar baixinho, mas não consegue se concentrar.

Ele vê agora Adriano colocar a mão por debaixo do vestido da sua mãe, depois ordena que ela vire-se de costas pra ele e abaixe-se.

Naquele momento o inferno visita o menino Justino. O inaceitável, o indizível, o bizarro e o terror fazem descer uma nuvem escura sobre a cabeça daquele menino indefeso, e as pessoas que ele mais ama na face da terra são torturadas em sua presença.

Ele vê Adriano penetrando a sua mãe vorazmente feito um animal. Depois a empurra para o mesmo canto em que Justino se encontra, e ordena que a sua irmã venha até ele agora.

Sofia implora pela filha que ainda é virgem, mas recebe um tapa na cara que a joga de volta ao canto, onde ela cai sentada. A única coisa que lhe resta fazer agora é abraçar-se ao filho que está em choque.

A menina é arrastada pelos cabelos e obrigada a ficar na mesma posição em que à mãe estava. E assim é violentada inescrupulosamente pelo monstro.

Alguns minutos depois, os três estão sozinhos. Enquanto dona Sofia tenta manter-se forte e ajudar a sua filha que sangra muito, pede para Justino não falar nada para seu pai, mas esse esbraveja:
- Você também não quis que eu contasse aquele dia, e olha só o que deu! Eu vou contar sim ao papai!
- Filho, você não entende. Não vê que esse monstro pode matar seu pai? É o único jeito de nós termos ele conosco.

Nesse instante Justino percebe que seu pai está chegando a casa, e sai correndo ao seu encontro contando o que aconteceu. Depois de constatar o estado em que se encontram sua mulher e filha, ele sai em direção à vila em busca de Adriano.

Dona Sofia recrimina o filho por ter contado o que houve ao pai, pois era isso que ela temia que acontecesse.
- Você viu o que fez? Agora esse bandido vai matar o seu pai!
Justino sai em disparada atrás do seu pai.

Naquela noite, Justino enfrentou mais um revés do destino. Pois viu o seu pai ser surrado e humilhado por Adriano na frente de todas as pessoas que estavam reunidas no clube da vila.

Ao pedir satisfações do que houve a Adriano, este agarra o pai de Justino e o tira para fora a socos e ponta pés.

A ânsia de vingar-se pelo que o bandido fez a sua família não surtiu efeito, e ainda teve que amargar a humilhação por ter apanhado. Volta para casa sentindo-se o pior dos homens, pois não consegue nem proteger a sua família. Ele consegue ver a decepção estampada na face do seu pequeno filho que se esforça em ajudá-lo a chegar até em casa. – Como ele vai conviver com toda essa humilhação? Agora todos vão rir dele. – Com toda aquela carga de desgraça que se abateu sobre ele, sentiu-se como um verme que não merecia viver mais na terra. Nem pensou no grande mal que estava fazendo a sua família, quando levantou dentro da noite, e com uma corda no pescoço pôs fim a própria vida. Não estava presente quando eles foram atacados, e agora foge para sempre.

A família nunca mais foi à mesma depois que o pai de Justino morreu. A revolta que se instalou na mente do menino fez com que ele crescesse com um sentimento de vingança terrível a respeito do homem que provocou tudo aquilo. Um dia ele tinha certeza que ficaria frente a frente com Adriano e o mataria. Era tudo o que ele pensava e queria.

Mas a desgraça ainda não estava completa. O pior para Justino ainda estava por vir.

A sua mãe descobriu que havia ficado grávida de Adriano. E agora Justino teria que conviver com seu meio irmão que jamais o deixaria esquecer o que houve. Toda vez que ele olhava para o irmão, lembrava de Adriano, pois o menino era a cara dele. Os pais de Justino eram de cor branca e, portanto, Justino e sua irmã eram igualmente brancos. Mas o menino era bem moreno, pois Adriano era negro.

Justino nutria certo ódio pelo irmão que por incrível que pudesse parecer era muito ligado a ele. Por várias vezes passou pela cabeça de Justino, matar o irmão. Mas sempre quando ia consumar o ato, sentia pena da criança, e não conseguia fazer.

Justino cresceu, mas a sua sede de vingança não passou. Mesmo em sua juventude apresentava uma ruga em sua tez que se mantinha sempre franzida denunciando o grande descontentamento que ele carregava consigo.

Adriano depois do acontecido, não demorou muito tempo por ali. Sumiu do vilarejo e nunca mais apareceu.

Depois que passou quase vinte anos, Justino tem uma pista de Adriano. Descobre que ele vive em uma outra cidade bem distante dali, mas no mesmo estado.

Ele junta tudo o que pode e viaja para a dita cidade. Ninguém ficou sabendo dos seus planos. Para todos os efeitos ele estava indo tentar emprego numa outra cidade.

Justino não havia percebido na sua ânsia por encontrar Adriano, que não seria tão fácil assim. Em uma cidade grande não é tão fácil encontrar alguém que não se tem muitas informações como no caso dele, um nome apenas.

Por isso Justino está andando a esmo naquela cidade. O dinheiro acabou. A última nota que ele possuía, deixou para a vidente que lhe deu o conselho. Ele pensa que terá que arranjar algum trabalho se quiser sobreviver.

Ao passar em frente a uma fabrica de móveis ele lê em uma placa: “Precisa-se de ajudante para serviços gerais”.

Imediatamente ele entra e se oferece para trabalhar. Uma moça do departamento de pessoal pede para ele aguardar um pouco, pois a outra moça que faz a seleção ainda não chegou.

Quando ela chega, Justino fica deslumbrado com a beleza e a simpatia da moça. Ela também ficou bastante impressionada com ele. Se existe amor a primeira vista, pode-se dizer que foi o que aconteceu com Justino e Eliane.

Ele foi contratado para o trabalho, e logo também estava namorando aquela bela moça.

Justino mantinha segredo quanto ao seu verdadeiro motivo de estar ali, mas Eliane confidenciava a ele tudo o que se passava com ela.

Eliane conta para Justino que o verdadeiro dono da fabrica de móveis é o seu pai, e que ele encontrava-se muito doente.
Ela o convida para passar um domingo em sua casa, conversar um pouco com seu pai para distraí-lo. Justino observa que ela ama muito o seu pai.

Quando ele chega à casa de Eliane, quase tem um desmaio na frente de todos quando é apresentado.

Justino disfarça o choque que teve ao ver ali em sua frente o mesmo homem que havia causado toda aquela tragédia em sua família.

Sim, ali estava Adriano. Mas ele não reconhecia Justino e nem podia, pois agora estava cego e paralítico, preso a uma cadeira de rodas.

Adriano também jamais perceberia que ali em sua frente, de mãos dadas com a sua filha, estava aquele menino que havia presenciado uma de suas barbáries.

Justino pensa consigo, que a vida está lhe aprontando mais uma agora. Quem diria que haveria de vir se apaixonar pela filha do homem que ele mais odiou a vida toda.

Depois desse dia Justino se esforçou pra manter as coisas como se nada tivesse acontecido. Eliane não percebeu nada, e a cada dia que passava demonstrava estar mais apaixonada por ele.

Em um outro dia, enquanto esperam o almoço sentados à beira da piscina, Adriano pede para Justino, que se sente mais próximo a ele, e começa lhe confidenciar que tem a sua alma amargurada por todas as coisas ruins que praticou no passado.

E quando ele se reporta a um acontecimento que mais o amargura hoje, Justino não consegue evitar que escape uma lágrima dos seus olhos. Pois é justamente pelo mal que causou aquela família que hoje ele tem o maior arrependimento.

Eliane grita para eles da janela que o almoço está pronto.

Justino empurra a cadeira de rodas de Adriano, e lembra das palavras da vidente. “Sim meu filho, você encontrará quem está procurando. E junto com esse encontro virá também uma grande surpresa... A sua paz de espírito é a coisa mais importante. Você a encontrará quando houver amor.”
Fim...

FIM TRÁGICO DE UMA PAIXÃO

Eglitz

Apesar de Suzana aparentar ser feliz, todos sabem que a sua vida não é nada tranqüila. A vida que ela construiu para si lhe coloca muitas vezes em uma roda viva de intrigas, traições, inimizades sem fim, mais por parte das mulheres.

Mas ela parece que ri do perigo. Não liga para as ameaças que lhe fazem, e segue livre em seu caminho de ser uma estraga prazeres das outras. Pois o seu alvo é o marido de outra mulher.

Com trinta e dois anos, Suzana não conseguiu ainda encontrar alguém que queira ficar com ela para sempre. E isso lhe causa revolta fazendo com que se torne uma caçadora maquiavélica de maridos que não se satisfazem somente com a sua mulher.

Ela carrega em seu corpo marcas das inúmeras surras que já levou das outras mulheres, mas nem por isso deixou de ser uma mulher poderosamente sedutora. O que a natureza nega para algumas mulheres, Suzana tem de sobra. Ela sabe cativar um homem. Ela sabe do que eles gostam. Mas ela os seduz e depois os descarta, porque eles não conseguem dar o prazer de que precisa. Ninguém consegue preencher o vazio que ela carrega.

Suzana tem um apetite voraz por sexo. Poderia ser chamada de ninfomaníaca sem exageros. Até então ela não havia conseguido saciar toda a sua sede sexual. Talvez esse fosse um dos problemas que os homens encontravam para não permanecerem ao seu lado. Na medida em que ela sempre queria mais e mais, eles se assustavam e fugiam. O homem por mais forte que pretenda ser, sexualmente não é páreo para a mulher que sabe o que fazer para enlouquecê-lo na cama, salvo algumas exceções. E essas exceções, Suzana encontrou em André.

André tem todos os requisitos que Suzana procurava em um homem. É casado, atraente e tem um bom papo. Não demorou muito para Suzana dar em cima. Os dois trabalhavam na mesma empresa e constantemente estavam se vendo. Seguidamente os seus olhos se encontram, e Suzana fixa o seu olhar em André, e pronuncia baixinho - Você é meu! Vem ficar comigo, vem? - André não resiste por muito tempo e acaba sucumbindo aos apelos de Suzana.

Não tardou para ele se encontrar sendo possuído por aquela mulher, que já havia seduzido muitos homens; e ali mesmo em sua cama, tentava devorá-los sexualmente.

Mas André demonstrou ser uma exceção à parte. Não era como os outros. Ele parecia que procurava deixar Suzana sentir todo o prazer que necessitava sentir. Era o primeiro homem que fazia aquilo. Ela conseguiu pela primeira vez ter quantos orgasmos quisesse. Ela nem acreditava no que estava sentindo. Mas era a pura verdade! Suzana havia encontrado o homem que há muito tempo procurava.

Suzana apaixonou-se por André. Mas ele já havia deixado bem claro logo na primeira vez, que não queria nada mais além de sexo com ela, e ainda mais, avisou-lhe: que se ela falasse para alguém que eles haviam estado juntos, ele acabaria tudo com ela.

Suzana concordou em terem um caso escondido. E assim ficaram os seus encontros por uns dois meses.

Mas quanto mais o tempo passava, Suzana ficava mais apaixonada, e acabou dando bandeira, e algumas "amigas" dela acabaram percebendo a sua paixão escondida.

Suzana não teve como negar. Acabou revelando detalhes da sua relação com André. Falou do maravilhoso homem que ele era na cama. E admitiu que estava apaixonada, e que era capaz de fazer qualquer coisa por aquele homem.

As amigas de Suzana acabaram dando com a língua nos dentes, e todos na empresa ficaram sabendo.

André cumpriu o que havia prometido. Terminou tudo com ela. Não demorou muito para cair nos ouvidos da esposa de André. Ele teve sorte, pois conseguiu convencê-la que jamais a trocaria por uma mulher como Suzana. E foi perdoado.

Suzana ficou desesperada com o fim do romance, mas não dava descanso a André. Em todo lugar que ele estava, ela o procurava, e não tinha vergonha de revelar na presença de quem quer que fosse, que o amava desesperadamente. Isso se repetia por incontáveis vezes. André já não agüentava mais o assédio de Suzana. E ela não admitia que o houvesse perdido.

O desespero de Suzana chegou ao ápice, em um dia de manhã quando se lançou aos prantos aos pés de André suplicando a ele que voltasse com ela. André a desprezou mais uma vez na frente de todos. O estado emocional de Suzana ficou deplorável, e naquela manhã ela até foi dispensada do trabalho

Ao chegar em casa, ela senta-se na cama com a cabeça entre as mãos, e fica analisando tudo o que aconteceu em sua vida. Acaba chegando a triste conclusão de que não nasceu para ser feliz. Acha que errou muito na vida, e que não existe esperança de que um dia possa ser feliz ainda. Agora ela realmente estava apaixonada por um homem, mas esse homem a desprezava. Ela mesma detestava-se neste momento. Não merecia viver - pensou.

Suzana lembra que havia tido há algum tempo a traz, um relacionamento com alguém que era da policia. E esse alguém, havia esquecido uma arma em sua casa, a qual ela tinha colocado em uma caixa em cima do guarda roupas, na esperança que ele retornasse para buscar. Mas esse alguém havia desaparecido e nunca mais retornou. Agora Suzana tinha um revolver carregado nas mãos. Pensou que podia acabar de vez com o seu sofrimento.

O cenário que Suzana imaginou foi enfrente a empresa onde trabalhava. No horário em que o movimento de pessoal é mais intenso, perto das 13 horas, enquanto os ônibus da empresa chegam trazendo os funcionários.

Algumas pessoas ficam conversando e fumando, outras compram salgadinhos de alguns vendedores ambulantes que sempre estão por ali.

André chega à empresa, e passa pela frente de Suzana, mas ignora-a seguindo rumo ao portão de entrada.

Suzana o chama, e ele volta-se contra vontade em sua direção. Ele quase não acredita no que está vendo. Suzana está com o cano da arma encostado no ouvido direito.

As pessoas se assustam afastando-se, saindo da linha de tiro.

- Ninguém se aproxima! - Suzana ordena quando alguns tentam demovê-la da idéia.

André tenta fazer alguma coisa. Mas não sabe o que, e procura conversar com ela, dizendo:
- Que loucura é essa Suzana?

Todos ficam em silêncio, esperando a próxima reação.

- Às vezes se faz loucuras quando se ama! - Suzana responde. - Fique com a culpa por não ter me dado uma chance!!!

Um estampido apenas, e o corpo de Suzana cai.

Ouve-se um oh!!! Em uníssono. Todos estão estupefatos, com a mão na boca. Ninguém consegue acreditar no que vêem.

No outro dia, um jornal estampa na primeira página a foto de Suzana e a seguinte manchete:

"PAIXÃO DE UMA MULHER POR COLEGA DE TRABALHO, TEM UM FIM TRÁGICO".
Fim

UMA MISSÃO DE MORTE

Eglitz

Quando me dei em si, estava nos confins de um lugarejo atrás de uma casa grande, na qual, somente lampiões a querosene alumiavam a noite.

Eu me escondia atrás de um lençol que estava estendido em um varal. No céu a lua não brilhava, e a luz das estrelas era tênue demais, para me deixarem ver de que cor que era.

Os meus olhos passeavam para lá e para cá em suas órbitas, e meus ouvidos estavam atentos para qualquer som vindo do ambiente...

Escutei latidos, relinchos e um galo cantando ao longe...

Expiei para dentro da casa, por uma porta que estava semi-aberta, e pude ver a enorme chama que saía de um fogão a lenha. Em cima da chapa estavam panelas, chaleira e um bule com café. - Ali era a cozinha - pensei...

A réstia do lampião que saía por entre a porta, refletia-se no bico do meu sapato. Quando observei o pequeno detalhe, puxei o pé rapidamente temendo ser descoberto...

Eu ainda não sabia por que estava ali. Mas lentamente os motivos iriam se revelando a mim.

Observei um intenso alvoroço na frente daquela casa. Quando cheguei mais perto para ver o que acontecia, notei que era mais parecido com um antro de prostituição.

Quando eu olhava para determinada pessoa ou objeto, os detalhes saltavam em minha mente imediatamente.

A dona do lugar era uma cafetina negra, que aparentava mais ou menos uns 50 anos. Caminhava lentamente, talvez demonstrando dificuldades por seus 110 kg de peso. Movimentava-se pela casa, e por entre as mesas do seu bar, distribuindo um sorriso forçado a todos.

Muita gente havia morrido ali naquele local. Ela carregava no rosto as marcas de cansaço daquela vida tirana. Mas as meninas moças, e as mulheres jogadas na rua da amargura precisavam dela. Era um misto de compaixão, necessidade e medo que a forçavam continuar com aquela vida.

Em um determinado momento, escutei um tiro,... E depois outro.

Alguns que estavam no bar saíram correndo em direção ao local de onde vieram os tiros. Outros quase que esbarravam em mim quando passavam em disparada, rumo a outras direções, desaparecendo na escuridão.

Eu não perguntava e nem falava nada com ninguém. A minha língua parecia que estava grudada, pelo não movimento, dentro da minha boca sem saliva. Simplesmente eu ficava observando. Percebi o motivo dos tiros e do alvoroço.

Alguém havia morrido porque estava chegando ao local, o poderoso... O terrível... O matador... Um tal chamado Coronel.

Eu tentava definir um perfil para o Coronel. Ele não era muito alto. Mais ou menos 1.70m. Calculei 80 kg. Sua idade dava para dizer que aparentava uns 50 anos. Barba por fazer. Olhos pretos. Em sua frente dava para ver chegando a sua presunção e intolerância. Matava pelo prazer de matar. Qualquer estranho, qualquer olhar de atravessado, qualquer palavra mal dita, era motivo para morrer.

Tudo isso era revelado sucintamente a mim naquele momento. O motivo de minha vinda até aquele lugar estava claro agora.
Eu estava ali para por um fim na carreira de assassinatos e impunidades do terrível Coronel.

Mas o perigo que eu corria naquele lugar, também foi me revelado. Então eu precisava agir rápido, e cumprir a minha missão...

Levantei-me, e com passos rápidos e firmes, encaminhei-me em direção a onde o Coronel estava sentado...

Os meus olhos estavam fixos nele...

Quando ele percebeu a minha presença, arregalou os olhos, pois escutou o estalo do gatilho do meu revolver que estava a dez centímetros da sua testa...

Ele não teve tempo de esboçar uma reação, pois puxei duas vezes o gatilho, e, os seus miolos caíram ao chão, bem antes que seu corpo...

A arma fumegava em minha mão... Depois um silêncio sepulcral...

A missão estava cumprida...

Acordei... Uffa! Ainda bem que foi só um sonho!
Fim...

INCANDESCÊNCIA NEURAL



Eglitz

Na incandescência neural, esquecendo-me da minha condição humana esquálida, eis que surge diante mim a figura de Doara com olhos relampejantes como aurora boreal...

As franjas do seu vestido incosturado balanceavam com o vento da tormenta que se abatia no mundo das ilusões, e roçavam sobre o meu rosto paralisado de terror...

A esdruxuliante figura passeava em minha frente deixando-me cada vez mais pasmo...

Eu sabia, a sua voz não se fazia ouvir externamente, porque o meu frágil sistema auditivo não suportaria tamanha estridência... Ela comunicava-se comigo através de ondas mentais...

A sua apavorante presença ali, só trazia-me a certeza de que eu era um mísero ser que no momento era digno de pena, e que muitas vezes na minha ignorância tinha surtos apolíneos...

O meu ego esfacelava-se sem ser pisado, simplesmente pela visão esfoliante...

O meu frágil corpo dava sinais de não querer ficar em pé... Os meus dentes e joelhos batiam um no outro e eu deixava escapar um fio de gemido da minha garganta, pela fria dor, do pavor que me assaltava...

Secou em mim aquilo que orgulhosos humanóides chamam de vida. O líquido vermelho já não circulava mais pelos dutos do meu corpo... Os meus olhos já não se movimentavam mais em suas órbitas e estavam imprestáveis pela disopia... Mas a visão de Doara estava em minha mente...

Ela aproximou-se de mim e meteu os dedos em minha boca, e arrastou-me como arrasta um ramo quebrado... Os meus olhos ainda conseguiam contemplar no céu as estrelas como pequenos pontos brilhantes ao longe, muito longe, enquanto minhas pernas tremiam e saltitavam ao bater em alguma pedra...

A minha consciência resumia-se em um pequeno foco de luz entre meus olhos... Dali eu raciocinava e contestava todos os tipos de bondade que possivelmente pudesse existir entre os seres poderosos do universo...

Arrisquei perguntar-lhe enquanto me arrastava – porque agia daquele jeito com uma criatura tão indefesa? – Ela rodopiou-me várias vezes no ar e me lançou em direção a um paredão de rochas, onde eu podia ver logo a baixo somente escuridão em um abismo sem fim...

Novamente os seus olhos relampejaram, e ela veio voando em minha direção, e com o dedo em riste bradou:

- É por causa do seu ego que é do tamanho do universo, criatura abominável!...

Mesmo diante do meu medo arrisquei perguntar-lhe:

- Porque sou tão abominável?...Porque me castigas na minha insciência?...

Doara me responde com a mesma indignação:

- A minha vontade não é só de castigar-te, e sim, de exterminá-lo para sempre! Vocês vêm de muito longe estragando tudo por onde passam. Infelizmente não posso matá-los, pois são imortais que se escondem dentro de corpos frágeis e falíveis, que ao menor sinal de fraqueza vocês pensam em abandonar e fugir para outro corpo, pois são covardes. Ainda bem que descobri quais são os seus medos, ser desprezível! Vá, Sinta o pavor da escuridão!!!...

Doara me lançou rumo ao abismo sem fim...

Quando acordei ainda soavam em minha mente as suas palavras, e minha mente estava confusa com palavras e frases desconexas.
Fim

A RAINHA DE TORHEM



Eglitz



Quando acordei, não conseguia entender nada do que estava acontecendo. Quase não conseguia abrir os meus olhos, pois um sol forte batia direto no meu rosto. Eu estava deitado em cima de uma espécie de padiola que estava sendo arrastada por alguém...

Lentamente fui abrindo os olhos, e com muito esforço fui enxergando a silhueta da pessoa que estava me arrastando.

Era uma mulher... Tentei me mexer, mas senti que estava amarrado, nas mãos e nos pés... Virei o rosto para um lado e percebi um imenso deserto de areia quente, que se desdobrava para além de onde a minha vista alcançava...

Ela percebeu que eu estava mexendo-me, e parou... Tirou as cordas que amarravam a padiola na sua cintura, e voltou-se em minha direção...

Do ângulo em que eu estava, na horizontal, e a mais ou menos uns cinco centímetros do chão, ela me parecia uma mulher enorme...

Agora eu pude vê-la com precisão... Calçava botas, que não eram exatamente botas e sim pedaços de couros enrolados nos pés e pernas até abaixo dos joelhos. As coxas estavam a mostras e vestia logo a cima mais um pedaço de couro furado e amarrado nas laterais com cordas... Na sua cintura trazia uma espécie de adaga...

Ficou parada junto a mim só olhando... Eu conseguia ver os seus pelos pubianos pelo rasgo do couro nas pernas... O suor escorria por entre a máscara que cobria o seu rosto... Ela curvou-se por sobre mim, e enxerguei os seus seios... Eu não conseguia-me sentir excitado, apesar da visão ser estimulante... Mas eu estava numa situação nada confortante... O calor estava muito forte, e minha boca estava tão seca que não conseguia articular nenhuma palavra.

Ela parecia nem ligar para os pequenos detalhes que eu havia observado no seu corpo... Meteu a mão em um pequeno alforje que carregava, e tirou na ponta dos dedos uma espécie de graxa viscosa, passando-a nos meus lábios...

Sem dizer uma palavra, retorna a posição inicial, coloca as cordas na cintura novamente e continua puxando-me...

A dor dos meus lábios passou um pouco, e o deslizar daquela padiola na areia me fez dormir novamente... Quando acordei, estava dentro de uma cabana na sombra e bem mais confortável agora.

A porta se abre, e a mulher entra com um pote de água e um copo pequeno, que depois fiquei sabendo ser feito de um talo de palmeira.

Ela enche o copo de água, e me da para tomar. Quando eu bebo o primeiro gole de água, ouve-se um barulho lá fora. A mulher sai como um furacão de dentro do pequeno quarto, fechando a porta com força.

Por uma fresta da parede de pedra, eu conseguia ver com um pouco de dificuldade o que se passava lá fora...
Contei dez cavaleiros, que logo fiquei sabendo serem mulheres montadas em suas éguas, e vestidas para guerra.
Cada uma portava uma espada na cintura, e cobriam parte do rosto com uma máscara de couro preto...
Uma delas fez um pequeno sinal com a mão direita, fazendo com que as outras parassem, enquanto ela seguia até em frente onde a mulher estava. Desde que havia chegado ali, pela primeira vez escutei um diálogo.

A mulher que havia me trazido, torce a espada para frente, e esbraveja:
- O que você quer aqui?
- Guarde a sua força Esha!...Viemos em paz – Responde a mulher a cavalo.
- O que você quer Dróra? – Insiste Esha.
- Ficamos sabendo que você conseguiu ultrapassar o portal, isso é verdade?
- O que eu fiz, ou, deixei de fazer não é da conta de ninguém – Responde Esha.
- Você sabe que não tem como esconder, pois as nossas guardiãs observaram tudo, e ainda nos contaram que você conseguiu trazer a prova. Isso é verdade minha irmã?... Por favor, deixe-nos ver?
- Eu ordeno que vocês saiam daqui agora!- Esha saca a espada da cintura, e as outras mulheres fazem um movimento para atacar, mas são detidas novamente por um sinal de Dróra.
- Deixe-na!... Espero que você saiba o que está fazendo Esha. Não podes querer esconder a verdade que há muito tempo procuramos. Você sabe do que estou falando... Eu voltarei aqui mais tarde sozinha, e sinceramente espero convencê-la a assumir as suas responsabilidades, as quais você reluta a assumir. – Dróra levanta a mão, e todas saem a galope.

Esha fica parada por um instante, depois se vira e sai do foco da minha visão...

Eu fiquei pensando, tentando concatenar os pensamentos. Não sei por quanto tempo fiquei assim imóvel, segurando aquele copo na mão.

Aquela mulher que havia me trazido até ali, agora eu sabia que se chamava Esha, e falava num idioma que eu compreendia...

De repente a porta se abre novamente, e Esha entra, agora sem a máscara no rosto. Que bela mulher eu podia ver agora!...

Ela havia tomado banho. O seu corpo exalava um perfume de flores de primavera... Os seus cabelos tremulavam ao menor sopro do vento, e eram como os cabelos de uma espiga de milho verde. Os seus olhos azuis, e sua pele tão alva que quase a tornava transparente...

Trazia um pano colorido enrolado ao seu corpo, que cobria os seios, ventre e parte das coxas... Ela sorri para mim, estendendo o braço para pegar o copo da minha mão... Eu a chamo pelo nome:
- Esha!...Então esse é o seu nome?
- Sim. Você deve tê-lo escutado daqui...
- Sim, e o meu é... – não terminei de dizer o meu nome por que Esha me interrompeu.
- Eu sei qual o seu nome, não precisa me dizer. Eu só quero que você escute o que eu tenho para lhe dizer. – Ela me fala sentando ao meu lado na esteira.

Depois continua.

- Eu vivo sozinha aqui neste oásis, que descobri já há algum tempo... Retirei-me da civilização para viver aqui por opção mesmo, por não agüentar as mesmas ladainhas de sempre...
- Que lugar é esse? – perguntei-lhe.
- É Torhein... Você vai estranhar, pois o seu mundo é totalmente diferente deste... Aqui só tem mulheres. E todas perseguem o mesmo objetivo: fazer com que a lenda se torne realidade.
- Lenda?
- Sim. Aqui existe uma lenda... Um dia uma mulher atravessaria o portal, e traria consigo um homem que a ajudaria devolver a normalidade ao nosso mundo. Mas essa mulher não seria uma mulher qualquer. Pela lenda, se ela conseguisse atravessar o portal e sobreviver, juntamente com a prova, ela teria que ser coroada rainha de Torhein, pois então ela seria a filha da Rainha mãe, a princesa desaparecida.
- Você foi a primeira a cruzar o tal portal?
- Sim.
- E que diabos é esse portal?
- Esse portal fica ao norte daqui... Você deve lembrar que percorremos um longo caminho pelo deserto... Eu não estava a pé. Estava a cavalo na minha égua, mas os guardiões do portal a mataram me deixando a pé... Eu observei por muito tempo o portal. Então descobri que ele ficava aberto por algumas horas sempre na lua nova... Eu decidi que entraria... Por duas vezes consegui entrar e voltar sem ser vista, mas na terceira vez, eu trazia você. Demorei-me um pouco a mais que das outras vezes, então eles me pegaram... Eu lutei com eles por muito tempo... Sempre tendo o cuidado de te proteger, pois estavas inconsciente. Isso era só para te livrar de morrer... Eles mataram a minha égua, tornando a minha aventura mais penosa... Tive que carregá-lo nas minhas costas por um longo caminho... Depois consegui fazer aquela padiola. Essa é a história. Por isso está aqui.
- Então você me seqüestrou?...E o que pretendes fazer comigo? Você quis provar que poderia tornar a lenda realidade?
- Não sei por que fiz. Talvez para saber se realmente era possível sobreviver ao atravessar o portal...

Ao saber que ela havia lutado tanto para sobreviver, e ter me protegido tão bem, senti ternura naquela mulher, mesmo com aquele jeito de guerreira, ela me passava muito afeto e a certeza de que era especial.

Nem um de nós nota a presença de Drora na penumbra, escutando toda a história que Esha me contava.

Então ela sai e:

- Muito bem Esha, e ainda duvidas que realmente sejas a escolhida? – Soa a voz de Dróra...
Dróra aproxima-se de mim parecendo maravilhada com a visão. Ela era uma mulher muito bonita também, um pouco mais morena que Esha. Apalpa-me, passando a mão na minha cabeça, e rosto, diante do olhar aflito de Esha. Eu podia sentir que ela não estava gostando nada.

Depois Dróra pergunta:

- Já aconteceu?
- Ainda não. – Esha responde imediatamente.
- Então vocês terão esse resto de dia e noite, e amanhã você retornará a cidade. É assim que vai ser. – Foi a ordem de Dróra. A qual Esha assentiu.

Esha leva-me para conhecer o seu oásis, era um verdadeiro paraíso...


Depois andamos a cavalo e brincamos como se fôssemos duas crianças, deitando e rolando pela areia... Comemos frutos exóticos do lugar...

À noite deitados na areia contemplamos as estrelas e a lua no céu...

Esha dançava como se escutasse uma música, a qual eu não conseguia escutar...

De repente ela atira-se sobre o meu corpo, e comanda o mais excitante ato de acasalamento...

Com a luz da lua sendo refletida nos seus olhos e pele, ao olhar para ela cavalgando o meu corpo, eu via uma deusa...

No outro dia, várias mulheres guerreiras a cavalo, seguiam uma carruagem de ouro que nos conduzia até a cidade...

Uma multidão nas ruas dava viva a rainha de Torhein...

Chegamos a um imenso palácio, e fomos conduzidos aos aposentos reais...

Esha participou de um grande cerimonial, e mostrou-me a grande multidão... Depois voltamos para o quarto...

Ela portando a sua coroa de Rainha agora, é simplesmente divina... Abraça-me e me beija...

Depois com lágrimas nos olhos, mas ainda sorrindo, demonstrando estar feliz, ela me agradece por tê-la ajudado na sua missão... Depois me diz que devo retornar ao meu mundo...

Então sinto me afastando dela... Vai ficando cada vez mais distante... Distante... Distante, até desaparecer...

Então eu acordo...

Percebo que estou não em Torhein, mas deitado na minha cama, aqui mesmo neste mundo cheio de mazelas...

Consulto o relógio: são 04h15min, e ainda o dia não clareou... Viro-me para o outro lado, para ver se ainda consigo continuar sonhando com a minha Rainha de Torhein...
Fim