25.2.07

FIM TRÁGICO DE UMA PAIXÃO

Eglitz

Apesar de Suzana aparentar ser feliz, todos sabem que a sua vida não é nada tranqüila. A vida que ela construiu para si lhe coloca muitas vezes em uma roda viva de intrigas, traições, inimizades sem fim, mais por parte das mulheres.

Mas ela parece que ri do perigo. Não liga para as ameaças que lhe fazem, e segue livre em seu caminho de ser uma estraga prazeres das outras. Pois o seu alvo é o marido de outra mulher.

Com trinta e dois anos, Suzana não conseguiu ainda encontrar alguém que queira ficar com ela para sempre. E isso lhe causa revolta fazendo com que se torne uma caçadora maquiavélica de maridos que não se satisfazem somente com a sua mulher.

Ela carrega em seu corpo marcas das inúmeras surras que já levou das outras mulheres, mas nem por isso deixou de ser uma mulher poderosamente sedutora. O que a natureza nega para algumas mulheres, Suzana tem de sobra. Ela sabe cativar um homem. Ela sabe do que eles gostam. Mas ela os seduz e depois os descarta, porque eles não conseguem dar o prazer de que precisa. Ninguém consegue preencher o vazio que ela carrega.

Suzana tem um apetite voraz por sexo. Poderia ser chamada de ninfomaníaca sem exageros. Até então ela não havia conseguido saciar toda a sua sede sexual. Talvez esse fosse um dos problemas que os homens encontravam para não permanecerem ao seu lado. Na medida em que ela sempre queria mais e mais, eles se assustavam e fugiam. O homem por mais forte que pretenda ser, sexualmente não é páreo para a mulher que sabe o que fazer para enlouquecê-lo na cama, salvo algumas exceções. E essas exceções, Suzana encontrou em André.

André tem todos os requisitos que Suzana procurava em um homem. É casado, atraente e tem um bom papo. Não demorou muito para Suzana dar em cima. Os dois trabalhavam na mesma empresa e constantemente estavam se vendo. Seguidamente os seus olhos se encontram, e Suzana fixa o seu olhar em André, e pronuncia baixinho - Você é meu! Vem ficar comigo, vem? - André não resiste por muito tempo e acaba sucumbindo aos apelos de Suzana.

Não tardou para ele se encontrar sendo possuído por aquela mulher, que já havia seduzido muitos homens; e ali mesmo em sua cama, tentava devorá-los sexualmente.

Mas André demonstrou ser uma exceção à parte. Não era como os outros. Ele parecia que procurava deixar Suzana sentir todo o prazer que necessitava sentir. Era o primeiro homem que fazia aquilo. Ela conseguiu pela primeira vez ter quantos orgasmos quisesse. Ela nem acreditava no que estava sentindo. Mas era a pura verdade! Suzana havia encontrado o homem que há muito tempo procurava.

Suzana apaixonou-se por André. Mas ele já havia deixado bem claro logo na primeira vez, que não queria nada mais além de sexo com ela, e ainda mais, avisou-lhe: que se ela falasse para alguém que eles haviam estado juntos, ele acabaria tudo com ela.

Suzana concordou em terem um caso escondido. E assim ficaram os seus encontros por uns dois meses.

Mas quanto mais o tempo passava, Suzana ficava mais apaixonada, e acabou dando bandeira, e algumas "amigas" dela acabaram percebendo a sua paixão escondida.

Suzana não teve como negar. Acabou revelando detalhes da sua relação com André. Falou do maravilhoso homem que ele era na cama. E admitiu que estava apaixonada, e que era capaz de fazer qualquer coisa por aquele homem.

As amigas de Suzana acabaram dando com a língua nos dentes, e todos na empresa ficaram sabendo.

André cumpriu o que havia prometido. Terminou tudo com ela. Não demorou muito para cair nos ouvidos da esposa de André. Ele teve sorte, pois conseguiu convencê-la que jamais a trocaria por uma mulher como Suzana. E foi perdoado.

Suzana ficou desesperada com o fim do romance, mas não dava descanso a André. Em todo lugar que ele estava, ela o procurava, e não tinha vergonha de revelar na presença de quem quer que fosse, que o amava desesperadamente. Isso se repetia por incontáveis vezes. André já não agüentava mais o assédio de Suzana. E ela não admitia que o houvesse perdido.

O desespero de Suzana chegou ao ápice, em um dia de manhã quando se lançou aos prantos aos pés de André suplicando a ele que voltasse com ela. André a desprezou mais uma vez na frente de todos. O estado emocional de Suzana ficou deplorável, e naquela manhã ela até foi dispensada do trabalho

Ao chegar em casa, ela senta-se na cama com a cabeça entre as mãos, e fica analisando tudo o que aconteceu em sua vida. Acaba chegando a triste conclusão de que não nasceu para ser feliz. Acha que errou muito na vida, e que não existe esperança de que um dia possa ser feliz ainda. Agora ela realmente estava apaixonada por um homem, mas esse homem a desprezava. Ela mesma detestava-se neste momento. Não merecia viver - pensou.

Suzana lembra que havia tido há algum tempo a traz, um relacionamento com alguém que era da policia. E esse alguém, havia esquecido uma arma em sua casa, a qual ela tinha colocado em uma caixa em cima do guarda roupas, na esperança que ele retornasse para buscar. Mas esse alguém havia desaparecido e nunca mais retornou. Agora Suzana tinha um revolver carregado nas mãos. Pensou que podia acabar de vez com o seu sofrimento.

O cenário que Suzana imaginou foi enfrente a empresa onde trabalhava. No horário em que o movimento de pessoal é mais intenso, perto das 13 horas, enquanto os ônibus da empresa chegam trazendo os funcionários.

Algumas pessoas ficam conversando e fumando, outras compram salgadinhos de alguns vendedores ambulantes que sempre estão por ali.

André chega à empresa, e passa pela frente de Suzana, mas ignora-a seguindo rumo ao portão de entrada.

Suzana o chama, e ele volta-se contra vontade em sua direção. Ele quase não acredita no que está vendo. Suzana está com o cano da arma encostado no ouvido direito.

As pessoas se assustam afastando-se, saindo da linha de tiro.

- Ninguém se aproxima! - Suzana ordena quando alguns tentam demovê-la da idéia.

André tenta fazer alguma coisa. Mas não sabe o que, e procura conversar com ela, dizendo:
- Que loucura é essa Suzana?

Todos ficam em silêncio, esperando a próxima reação.

- Às vezes se faz loucuras quando se ama! - Suzana responde. - Fique com a culpa por não ter me dado uma chance!!!

Um estampido apenas, e o corpo de Suzana cai.

Ouve-se um oh!!! Em uníssono. Todos estão estupefatos, com a mão na boca. Ninguém consegue acreditar no que vêem.

No outro dia, um jornal estampa na primeira página a foto de Suzana e a seguinte manchete:

"PAIXÃO DE UMA MULHER POR COLEGA DE TRABALHO, TEM UM FIM TRÁGICO".
Fim

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